Apocalipse, Capítulo 8 Explicado

O colapso do Império
Romano (As sete trombetas)

Versículo 1 — “E, havendo aberto o sétimo selo, fez-se silêncio no céu quase por meia hora”.

    Apresentamos as sete trombetas no título deste capítulo porque elas constituem o seu principal tema, ainda que outros assuntos sejam apresentados antes do começo dessa serie de acontecimentos. O primeiro versículo deste capítulo refere-se a acontecimentos dos capítulos anteriores e, portanto, não devia ser separado deles pela divisão do capítulo. [63] Aqui a série dos sete selos é retomada e finalmente encerrada. O capítulo sexto terminou com os acontecimentos do sexto selo, e o oitavo começa com a abertura do sétimo selo. Deve-se notar que o conteúdo do capítulo sete está disposto como se fosse um parêntese entre o sexto e o sétimo selos. Devido a esse fenômeno, torna-se óbvio que a obra de assinalamento do capítulo sete está ainda sob a abrangência do sexto selo.
    Silêncio no Céu — O sexto selo não nos leva até o segundo advento de Cristo, apesar de se referir a acontecimentos intimamente relacionados com ele. Introduz os terríveis abalos dos elementos, nos quais os céus se retiram como um livro que se enrola, a agitação da superfície da Terra e a confissão por parte dos ímpios de que o grande dia da ira de Deus é um fato. Estão, sem dúvida, em expectativa de ver o Rei aparecer em glória. Mas o selo não alcança esse acontecimento. O aparecimento pessoal de Cristo deve, portanto, ocorrer durante o selo seguinte.
    Quando o Senhor aparecer, virá com todos os santos anjos (Mateus 25:31). E quando todos os harpistas celestes [anjos] deixarem as cortes do Céu para virem com o seu divino Senhor, quando Ele descer para buscar o fruto da Sua obra redentora, não haverá silêncio no Céu? Esse período de silêncio, se considerado como tempo profético, será de cerca de sete dias. [64]

Versículo 2 — “E vi os sete anjos que estavam diante de Deus, e foram-lhes dadas sete trombetas.”

    Este versículo inicia uma nova e distinta série de acontecimentos. Nos selos temos a história da igreja durante a chamada era cristã. Nas sete trombetas, iniciadas agora, temos os principais acontecimentos políticos e guerreiros que deviam ocorrer durante o mesmo tempo.

Versículos 3-5 — “E veio outro anjo e pôs-se junto ao altar, tendo um incensário de ouro; e foi-lhe dado muito incenso, para o pôr com as orações de todos os santos sobre o altar de ouro que está diante do trono. E a fumaça do incenso subiu com as orações dos santos desde a mão do anjo até diante de Deus. E o anjo tomou o incensário, e o encheu do fogo do altar, e o lançou sobre a terra; e houve depois vozes, e trovões, e relâmpagos, e terremotos.”

    Depois de ter apresentado os sete anjos no versículo dois, João chama por um momento nossa atenção para uma cena inteiramente diferente. O anjo que se aproxima do altar não é um dos anjos das sete trombetas. O altar é o de incenso que, no santuário terrestre, se encontrava no primeiro compartimento. Aqui, pois, está outra prova de que existe no Céu um santuário com os seus correspondentes objetos de culto. Era o original, em relação ao qual o terrestre era uma figura ou representação; e as visões de João nos levam ao interior desse santuário celestial. Vemos realizar-se nele um ministério em favor de todos os santos. Sem dúvida é aqui apresentada toda a obra de intercessão em favor do povo de Deus durante a era evangélica. Pode-se entender por este fato que o anjo oferece o seu incenso com as orações de todos os santos.
    O ato de o anjo encher o incensário de fogo e o lançar sobre a Terra evidencia que esta visão nos leva até o fim do tempo, e por esse ato indica que sua obra terminou. Já não serão oferecidas mais orações misturadas com incenso. Essa atitude simbólica só pode ter a sua aplicação na época em que tiver cessado para sempre o ministério de Cristo no santuário em favor da humanidade. E o ato do anjo é seguido por vozes, trovões, relâmpagos e terremotos – exatamente os mesmos fatos descritos noutras passagens referentes ao tempo final de graça para a humanidade. (Ver Apocalipse 11:19; 16:17 e 18).
    Mas por que esses versículos são aqui inseridos? Constituem uma mensagem de esperança e conforto para a igreja. Foram apresentados os sete anjos com as suas trombetas guerreiras. Ao soarem, terríveis cenas haviam de acontecer. Mas antes de começarem, é indicada ao povo de Deus a obra de mediação realizada em seu favor no Céu, bem como a sua fonte de auxílio e de força durante esse tempo. Ainda que arremessados, em breve, nas tumultuosas ondas de lutas e guerras, devem saber que o seu grande Sumo Sacerdote ainda trabalha em favor deles no santuário celestial. Para ali poderão dirigir as suas orações, onde serão oferecidas, como incenso, a seu Pai no Céu, podendo assim sentir-se fortalecidos e apoiados em todas as suas calamidades.

Versículo 6 — “E os sete anjos, que tinham as sete trombetas, prepararam-se para tocá-las.”

    As sete trombetas — O assunto das sete trombetas é aqui retomado e ocupa o resto deste capítulo e todo o capítulo nove. Os sete anjos preparam-se para tocar. O seu toque apresenta-se como um complemento da profecia de Daniel dois e sete, começando com o desmantelamento do velho império romano em suas dez divisões, de que temos uma descrição nas quatro primeiras trombetas.

Versículo 7 — “E o primeiro anjo tocou a trombeta, e houve saraiva e fogo misturado com sangue, e foram lançados na terra, que foi queimada na sua terça parte; queimou-se a terça parte das árvores, e toda a erva verde foi queimada.”

    Alexander Keith fez uma observação muito apropriada: 
“Ninguém podia elucidar os textos com mais clareza ou expô-los com mais perfeição do que o fez Gibbon [65] . Os capítulos do filósofo cético que tratam diretamente do assunto necessitam apenas ser antecedidos de um texto e algumas de suas palavras profanas sejam cortadas. Ao fazer-se isto, elas poderiam formar uma excelente série de comentários explicativos dos capítulos oito e nove do Apocalipse de Jesus Cristo.” [66]

“Pouco ou nada é deixado ao professo intérprete, que não seja citar as páginas de Gibbon.” [67]

    A primeira trombeta — O primeiro castigo grave que caiu sobre Roma Ocidental, na sua derrubada, foi a guerra com os godos dirigidos por Alarico, que abriu o caminho para outras invasões. O imperador romano Teodósio morria em janeiro de 395, e antes do fim do inverno, os godos comandados por Alarico já estavam guerreando contra o império.
    A primeira invasão dirigida por Alarico devastou o Império Romano Oriental. Ele tomou as famosas cidades e escravizou a muitos de seus habitantes. Conquistou as regiões da Trácia, da Macedônia, da Ática e o Peloponeso, mas não chegou à cidade de Roma. Mais tarde, o chefe godo atravessou os Alpes e os Apeninos e apareceu diante dos muros da Cidade Eterna, a qual caiu como presa dos bárbaros em 410 d.C.
    “Saraiva e fogo misturado com sangue” foram lançados na Terra. Os terríveis efeitos da invasão gótica [68] são representados como “saraiva”, devido ao fato de os invasores serem originários do Norte; como “fogo”, pela destruição de cidades e campos pelas chamas; e “sangue”, devido à terrível mortandade dos cidadãos do império pelos ousados e intrépidos guerreiros.
    O toque da primeira trombeta situa-se por volta do fim do quarto século em diante, e se refere às assoladoras invasões do império romano pelos godos. 
    Após citar extensamente a obra de Edward Gibbon — History of the Decline and Fall of the Roman Empire (Declínio e queda do Império Romano, Companhia das Letras, 1989), caps. 30-33, referente à conquista dos godos, Alexander Keith apresenta um admirável sumário das palavras do historiador que acentuam o cumprimento da profecia:

“Longos extratos mostram como Gibbon expôs, ampla e perfeitamente, o seu texto na história da primeira trombeta, a primeira tempestade que açoitou a terra romana e levou à primeira queda de Roma. Usando as suas palavras em comentários mais diretos, lemos assim o resumo do assunto: ‘A nação gótica estava em armas ao primeiro som da trombeta, e na invulgar aspereza do inverno, os godos puseram os seus pesados carros para rodar sobre o largo e gelado leito do rio. Os férteis campos da Fócida e da Beócia [ambas na Grécia] foram inundados por um dilúvio de bárbaros; os homens foram mortos, e as mulheres e o gado das aldeias levados. Os profundos e sangrentos rastros da marcha dos godos podiam ainda descobrir-se facilmente depois de vários anos. Todo o território da Ática foi amaldiçoado pela nefasta presença de Alarico. Os mais felizardos dos habitantes de Corinto, Argos e Esparta, foram poupados da morte, mas contemplaram a queima literal de suas cidades. Numa estação de tanto calor que secou o leito dos rios, Alarico invadiu os domínios do Ocidente. Um solitário velho de Verona (o poeta Claudiano), lamentava pateticamente o destino das árvores de seu tempo, que tinham de arder no incêndio de todo o país [por favor, note as palavras da profecia, dizendo que “queimou-se a terça parte das árvores, e toda a erva verde foi queimada”]; e o imperador dos romanos fugiu diante do rei dos godos.’ 

Levantou-se uma agitação furiosa entre as nações da Germânia, de cujo extremo setentrional os bárbaros marcharam até quase as portas de Roma. Concluíram a destruição do Ocidente. A escura nuvem que se adensou ao longo das costas do Báltico irrompeu em trovão nas margens do Danúbio superior. As pradarias da Gália, em que rebanhos e manadas pastavam, e as margens do Reno, com suas elegantes casas e bem cultivadas quintas [69], formavam um quadro de paz e abundância, que subitamente se converteu num deserto distinto da solidão da Natureza apenas pelas ruínas fumegantes. Muitas cidades foram cruelmente oprimidas ou arrasadas. Muitos milhares de pessoas foram desumanamente e desnecessariamente massacradas, e as consumidoras chamas da guerra se espalharam sobre a maior parte das dezessete províncias da Gália.

Alarico estendeu de novo a devastação sobre a Itália. Durante quatro anos os godos devastaram-na e dominaram-na sem obstáculo. E na pilhagem e incêndio de Roma, as ruas da cidade ficaram cheias de cadáveres. As chamas consumiram muitos edifícios públicos e privados, e as ruínas de um palácio ficaram de pé, século e meio depois, como soberbo monumento da revolução gótica.” [70]

Depois deste sumário, Keith completa o quadro, dizendo:

“A frase final do capítulo 33 do livro de Gibbon constitui por si mesma um claro e compreensivo comentário, porque ao terminar a descrição deste breve, mas agitado período, ele concentra, como numa leitura paralela, o resumo da história e a substância da predição. Mas as palavras que a precedem têm também o seu significado: ‘A devoção pública daquele tempo estava impaciente por exaltar os santos e mártires da Igreja Católica sobre os altares de Diana e Hércules. A união do império romano estava dissolvida. O seu gênio estava humilhado no pó, e exércitos de bárbaros desconhecidos, vindos das frias regiões do Norte, estabeleceram seu vitorioso domínio sobre as mais belas províncias da Europa e da África.’ 

A última palavra, África, é o sinal para o toque da segunda trombeta. A cena muda-se das praias do Báltico para a costa meridional do Mediterrâneo, ou das frígidas regiões do Norte para o litoral da África fervente. Em vez de uma tempestade de saraiva lançada na terra, um monte de fogo a arder foi lançado no mar.” [71]

Versículos 8 e 9 — “E o segundo anjo tocou a trombeta; e foi lançada no mar uma coisa como um grande monte ardendo em fogo, e tornou-se em sangue a terça parte do mar. E morreu a terça parte das criaturas que tinham vida no mar; e perdeu-se a terça parte das naus.”

    A segunda trombeta — O Império Romano, depois de Constantino, foi dividido em três partes. Daí a frequente observação “uma terça parte dos homens” se constituir uma referência à terça parte do império que estava sob o flagelo. Esta divisão do Império Romano foi realizada ao morrer Constantino, entre seus três filhos: Constâncio, Constantino II e Constante. Constâncio possuiu o Oriente, e fixou sua residência em Constantinopla, a metrópole do império. Constantino II ficou com a Grã-Bretanha, a Gália e a Espanha. Constante ficou com a Ilíria, África e Itália.
    O som da segunda trombeta refere-se evidentemente à invasão e conquista da África, e mais tarde da Itália, pelo terrível Genserico, rei dos vândalos. Suas conquistas foram na maior parte navais, e seus triunfos, como se fosse “lançada no mar uma coisa como um grande monte ardendo em fogo”. Que figura ilustraria melhor a colisão de navios, e o destroço geral da guerra nas costas marítimas?
    Ao explicar esta trombeta devemos buscar alguns acontecimentos que interfiram particularmente no mundo comercial. O símbolo empregado leva-nos naturalmente a procurar agitação e comoção. Nada como uma violenta batalha naval poderia dar cumprimento à predição. Se o tocar das quatro primeiras trombetas se refere a quatro notáveis acontecimentos que contribuíram para a ruína do império romano, e a primeira trombeta se refere à invasão dos godos sob Alarico, estamos naturalmente em presença do seguinte ato eficiente de invasão que abalou o poder romano e o levou à sua ruína. A seguinte grande invasão foi a do “terrível Genserico”, à frente dos vândalos, e que ocorreu entre os anos 428 e 468. Esse grande chefe vândalo tinha seu quartel general na África. Mas como diz Gibbon:

“A descoberta e a conquista das nações negras [na África], que pudessem habitar abaixo da zona tórrida, não podiam tornar-se uma tentação para a razoável ambição de Genserico, por isso lançou os olhos para o mar, resolveu criar um poder naval e a sua audaciosa resolução foi executada com firme e ativa perseverança.” [72]

    Saindo do porto de Cartago, fez repetidas incursões como pirata, assaltou o comércio romano e entrou em guerra com aquele império.

“Para competir com o monarca marítimo, o imperador romano, Majoriano, fez extensas preparações navais. Cortaram-se os bosques dos Apeninos; restauraram-se os arsenais e fábricas de Ravena e Misena; a Itália e a Gália rivalizaram em fazer contribuições generosas ao tesouro público; a marinha imperial de trezentas grandes galés, com uma adequada quantidade de barcos de grande porte e outros menores, foram reunidos no amplo e seguro porto de Cartagena, na Espanha. [...] Mas Genserico foi salvo de iminente e inevitável ruína pela traição de alguns poderosos súditos de Majoriano, invejosos ou apreensivos com o êxito do seu senhor. Guiado por eles, surpreendeu a desprevenida frota na baía de Cartagena. Muitos dos barcos foram afundados, tomados ou incendiados, e os preparativos de três anos foram destruídos num só dia.

“O reino da Itália, nome ao qual foi gradualmente reduzido o Império Ocidental, foi maltratado, durante o governo de Ricimero, pelas incessantes depredações dos piratas vândalos. Na primavera de cada ano equipavam uma formidável frota no porto de Cartago; e o próprio Genserico, embora já idoso, ainda comandava em pessoa as expedições mais importantes [73]. [...]

Os vândalos repetidamente visitavam as costas da Espanha, Ligúria, Toscana, Campânia, Lucânia, Brutio, Apúlia, Calábria, Vêneto, Dalmácia, Epiro, Grécia e Sicília. [...] 

A rapidez dos seus movimentos permitia-lhes, quase ao mesmo tempo, ameaçar e atacar os mais distantes objetos que atraíam seus desejos, e como embarcavam sempre um número suficiente de cavalos, mal tinham desembarcado destruíam logo o aterrorizado país com um corpo de cavalaria ligeira.” [74]

    Uma última e desesperada tentativa para desapossar Genserico da soberania do mar foi feita em 468 por Leão I, imperador do Oriente. Gibbon dá o seguinte testemunho:

“O gasto total da campanha africana, quaisquer que fossem os meios de obtêlo, atingiram a soma de 130 mil libras de ouro, cerca de 5,2 milhões de libras esterlinas. [...] A frota que saiu de Constantinopla para Cartago constava de 1.113 barcos, e o número de soldados e marinheiros excedia os cem mil homens. [...] O exército de Heráclio e a frota de Marcelino uniram-se ou secundaram o lugar-tenente imperial. [...] O vento tornou-se favorável aos desígnios de Genserico. Tripulou com os mais bravos mouros e vândalos os seus maiores navios de guerra, após os quais eram rebocados grandes barcos cheios de materiais inflamáveis. Na obscuridade da noite essas naus destruidoras foram impelidas contra a desprevenida e confiante frota dos romanos, que não estavam acautelados, nem suspeitavam de nada, mas perceberam tarde demais o perigo. Os navios juntos facilitaram o progresso do fogo, que ia com violência rápida e irresistível; e o ruído do vento, ao crepitar das chamas, os gritos cacofônicos [75] dos soldados e marinheiros, que não podiam nem dar ordens nem obedecê-las, aumentaram o pânico do tumulto noturno. 

Enquanto trabalhavam para salvar parte da frota, as galés de Genserico os atacaram com coragem e disciplina; e muitos romanos que escaparam à fúria das chamas, foram mortos e capturados pelos vândalos vitoriosos. [...] Depois do fracasso dessa grande expedição, Genserico voltou a ser o tirano do mar; as costas da Itália, Grécia e Ásia ficaram novamente expostas à sua vingança e avareza; Trípoli e Sardenha voltaram a obedecê-lo; agregou Sicília ao número de suas províncias; e antes de morrer, na plenitude de seus anos e de glória, contemplou a extinção do Império do Ocidente.” [76]

    Acerca do importante papel que este audacioso corsário desempenhou na queda de Roma, Gibbon emprega esta linguagem: “Genserico, um nome que, na destruição do império romano, se eleva ao mesmo nível dos nomes de Alarico e Átila.” [77]

Versículos 10 e 11 — “E o terceiro anjo tocou a trombeta, e caiu do céu uma grande estrela, ardendo como uma tocha, e caiu sobre a terça parte dos rios e sobre as fontes das águas. E o nome da estrela era Absinto, e a terça parte das águas tornou-se em absinto, e muitos homens morreram das águas, porque se tornaram amargas.”

    A terceira trombeta — Na interpretação e aplicação desta passagem chegamos ao terceiro importante acontecimento que resultou na subversão do Império Romano. E ao procurar um cumprimento histórico desta terceira trombeta, ficamos devendo alguns poucos extratos às notas do Dr. Albert Barnes. Ao explicar esta passagem é necessário, como diz este comentador, ter em vista o seguinte:

“Que havia de vir algum chefe ou guerreiro que poderia comparar-se a um resplandecente meteoro, cuja carreira seria particularmente brilhante; que apareceria subitamente como uma estrela fulgurante, e que depois desapareceria como uma estrela cuja luz se apagou nas águas. Que a carreira assoladora desse meteoro se daria principalmente naquelas partes do mundo ricas de mananciais e rios; que o efeito que se produziria era como se as águas desses rios e fontes se tornassem amargas, isto é, que muitas pessoas pereceriam, e que grandes assolações seriam feitas nas vizinhanças dessas fontes e rios, como se amarga e calamitosa estrela caísse nas águas, e a morte se espalhasse sobre os países adjacentes e banhados por elas.” [78]

    Acredita-se que essa trombeta faça referência às guerras assoladoras e furiosas invasões de Átila contra o poder romano, que ele empreendeu à frente das suas hordas de hunos. Falando deste guerreiro, particularmente da sua aparência pessoal, diz Barnes:

“Na maneira da sua aparência assemelhava-se muito a um brilhante meteoro fulgurando no Céu. Veio do Oriente com os seus hunos e, como veremos, arremessou-se subitamente sobre o império com a rapidez de brilhante meteoro. Considerava-se também como consagrado a Marte, o deus da guerra, e costumava fardar-se de um modo particularmente brilhante, de sorte que o seu aspecto, na linguagem dos seus aduladores, deslumbrava aos que lhe contemplavam.” [79]

    Ao falar da localização dos acontecimentos preditos por essa trombeta, Barnes apresenta esta nota:

“Diz-se particularmente que o efeito se faria sentir sobre ‘os rios’ e as ‘fontes das águas’. Se isso tem aplicação literal, ou se, como se supõe no caso da segunda trombeta, a linguagem empregada se referia à parte do império particularmente afetada pela invasão inimiga, então podemos cuidar que essa linguagem se refere às partes do império de abundantes rios e correntes, e mais particularmente àquelas em que os rios e correntes tinham a sua origem, porque o efeito estava permanentemente nas ‘fontes das águas.’ Na realidade, as principais operações de Átila realizaram-se nas regiões dos Alpes e nas partes do império donde correm os rios para a Itália. A invasão de Átila é descrita por Gibbon de modo geral: ‘Toda a Europa, desde o Ponto Euxino até o Adriático, numa extensão de mais de oitocentos quilômetros, foi logo invadida, ocupada e assolada pelos milhares de bárbaros que Átila levou para o campo’.” [80]

    E o nome da estrela era Absinto* — A palavra “absinto” indica as consequências amargas. 

“Estas palavras, que se relacionam mais intimamente com o versículo anterior, [...] relembram-nos, por um momento, o caráter de Átila, cujo nome inspirava terror e pânico. [...]

‘A extirpação total e destruição’, são os termos que melhor representam as calamidades que ele infligiu. [...] 

Átila vangloriava-se de que a erva não crescia mais onde o seu cavalo tinha posto as patas. ‘O flagelo de Deus’ foi o nome que foi inserido entre seus títulos reais. Foi o ‘flagelo de seus inimigos, e o terror do mundo.’ O imperador do Ocidente, com o senado e o povo de Roma, humildes e aterrorizados, procuraram aplacar a ira de Átila. E o último parágrafo dos capítulos que relatam a sua história intitula-se: ‘Sintomas da decadência e ruína do governo romano.’ O nome da estrela era Absinto.” [81]

Versículo 12 — “E o quarto anjo tocou a trombeta, e foi ferida a terça parte do sol, e a terça parte da lua, e a terça parte das estrelas, para que a terça parte deles se escurecesse, e a terça parte do dia não brilhasse, e semelhantemente a noite.”

    A quarta trombeta — Entendemos que esta trombeta simboliza a carreira de Odoacro, o monarca bárbaro que esteve tão intimamente relacionado com a queda de Roma Ocidental. Os símbolos Sol, Lua e estrelas — porque são indiscutivelmente usados aqui como símbolos — representam evidentemente os grandes luminares do governo romano: os seus imperadores, senadores e cônsules. O último imperador de Roma Ocidental foi Rômulo, que por escárnio foi chamado Augústulo, ou seja “o diminutivo de Augusto [Augustinho]”. Roma Ocidental caiu em 476. Porém, apesar de extinto o Sol romano, seus luminares subordinados brilharam palidamente enquanto continuaram o senado e o consulado. Mas depois de muitas instabilidades e mudanças de destino político, por fim toda a forma do antigo governo foi destruída, e a própria Roma reduzida a um pobre ducado tributário do Exarcado de Ravena.
    A extinção do Império Ocidental fica assim registrada por Gibbon:

“O infeliz Augústulo tornou-se o instrumento de sua própria desgraça. Assinou sua renúncia perante o senado, e essa assembleia, em seu último ato de obediência a um príncipe romano, aparentou ainda o espírito de liberdade e as formas da constituição. Foi dirigida uma carta, por consenso unânime, ao Imperador Zenão, genro e sucessor de Leão, recentemente reposto, depois de curta rebelião, no trono bizantino. Solenemente ‘negaram a necessidade e até o desejo de continuar mais tempo a sucessão imperial na Itália, pois que em sua opinião a majestade de um só monarca era suficiente para abranger e proteger tanto o Oriente como o Ocidente ao mesmo tempo. Em seu próprio nome e no do povo consentiam que a sede do império universal fosse transferida de Roma para Constantinopla. Indignamente renunciavam ao direito de escolher seu senhor, único vestígio que ainda restava da autoridade que ditara leis ao mundo’.” [82]

    Alexander Keith comenta a queda de Roma nas seguintes palavras:

“Extinguiu-se o poder e a glória de Roma como norma diretora de todas as nações. A rainha das nações só ficou com o nome. Todo sinal de realeza desapareceu da cidade imperial. Aquela que tinha dominado sobre as nações jazia no pó, como uma segunda Babilônia, e já não existia o trono onde os césares reinaram. O último ato de obediência a um príncipe romano que aquela outrora augusta assembleia cumpriu, foi aceitar a abdicação do último imperador do Ocidente, e a abolição da sucessão imperial na Itália. O Sol de Roma tinha-se posto. [...]

Levantou-se rapidamente um novo conquistador da Itália, o ostrogodo Teodorico, que sem escrúpulos vestiu a púrpura e reinou por direito de conquista. ‘A realeza de Teodorico foi proclamada pelos godos (5 de março de 493), com a tardia, relutante e duvidosa aprovação do imperador do Oriente.’ O poder imperial romano, de que tanto Roma como Constantinopla tinham sido simultânea ou isoladamente a sede, quer no Ocidente quer no Oriente, já não era reconhecido na Itália e a terça parte do Sol fora ferida, até que deixou de emitir os mais pálidos raios. O poder dos césares era desconhecido na Itália. Um rei godo reinava em Roma. 

Mas apesar de ferida a terça parte do Sol e extinto o poder imperial romano na cidade dos césares, a Lua e as estrelas brilharam ainda, ou agonizaram durante mais algum tempo, no império do Ocidente, mesmo em meio da treva gótica. Os cônsules e o senado [‘a Lua e as estrelas’] não foram abolidos por Teodorico. ‘Um historiador godo aplaude o consulado de Teodorico como o auge de todo o poder e grandeza temporal’; como a Lua reina de noite, depois de o Sol se pôr. E em vez de abolir esse cargo, o próprio Teodorico ‘felicita os favorecidos da fortuna [destino, boa sorte] que, sem as preocupações, desfrutavam cada ano o esplendor do trono.’ 

Mas em sua ordem profética, o consulado e o senado de Roma viram chegar o seu dia, embora não hajam caído às mãos dos vândalos ou dos godos. A revolução seguinte na Itália foi em sujeição a Belizário, general de Justiniano, imperador do Oriente. Ele não poupou o que os bárbaros tinham respeitado. ‘O Consulado Romano Extinto por Justiniano em 541’, é o título do último parágrafo do capítulo quarenta da História da Decadência e Queda de Roma, de Gibbon. ‘A sucessão dos cônsules acabou finalmente no décimo terceiro ano de Justiniano, cujo temperamento despótico foi lisonjeado pela extinção silenciosa de um título que lembrava aos romanos sua antiga liberdade.’ ‘Fora ferida a terça parte do Sol e a terça parte da Lua, e a terça parte das estrelas.’ No firmamento político do mundo antigo, nos tempos de Roma imperial, o imperador, os cônsules e o senado brilhavam como o Sol, a Lua e as estrelas. A história da sua decadência e queda é apresentada até que as duas últimas foram extintas, relativamente a Roma e à Itália, que por tanto tempo tinham ocupado o lugar de primeira cidade e primeiro país. Finalmente, ao encerrar-se a quarta trombeta, vemos a ‘extinção daquela ilustre assembleia’, o senado romano. A cidade que governara o mundo foi conquistada, dir-se-ia que para deboche da grandeza humana, pelo eunuco Narses, sucessor de Belizário. Ele derrotou os godos (552), acabou a ‘conquista de Roma’ e selou o destino do Senado.” [83]

    E. B. Elliot fala do cumprimento desta parte da profecia na extinção do Império Ocidental, nos seguintes termos:

“Assim se estava preparando a catástrofe final, que traria a extinção dos imperadores e império do Ocidente. A glória de Roma já se tinha extinguido havia muito. Suas províncias separaram-se dela uma a uma. O território que ainda possuía tornara-se como um deserto e suas possessões marítimas, frota e comércio, estavam aniquilados. Pouco mais lhe restava do que títulos vãos e insígnias de soberania. E chegava agora o tempo de essas próprias lhe serem tiradas. Uns vinte anos ou mais depois da morte de Átila, e menos ainda da de Genserico (que antes de sua morte visitara e assolara a cidade eterna numa das suas expedições marítimas de pilhagem, e assim preparara ainda mais a consumação iminente), Odoacro, chefe dos hérulos, um remanescente bárbaro da hoste de Átila, deixado nas fronteiras alpinas da Itália — ordenou que o nome e o cargo de imperador romano do Ocidente fossem abolidos. As autoridades curvaram-se submissas. 

O último fantasma de imperador, cujo nome — Rômulo Augústulo — representava bem o contraste entre as glórias passadas de Roma e a sua presente degradação, abdicou. O senado enviou as insígnias reais a Constantinopla, dizendo ao imperador do Oriente que bastava um só imperador para todo o império. Assim, aquela terça parte do Sol imperial romano que pertencia ao império do Ocidente escureceu-se e não voltou a brilhar. Digo, aquela terça parte do astro que pertencia ao império do Ocidente, porque a fração apocalíptica é literalmente exata. No último acordo entre as duas cortes, todo o terço ilírio [84] foi abandonado à divisão oriental. Ocorreu assim no Ocidente ‘a extinção do império’; desceu a noite.

Apesar disso, porém, deve ter-se em mente que a autoridade do nome romano ainda não tinha cessado por completo. O senado de Roma continuava a reunir-se como de costume. Os cônsules eram nomeados anualmente, um pelo imperador do Oriente, outro pela Itália e Roma. O próprio Odoacro governou a Itália com um título (o de patrício) que lhe foi conferido pelo imperador do Oriente. Se olharmos para as mais distantes províncias do Ocidente ou pelo menos consideráveis distritos delas, o laço que as unia ao império romano estava completamente desfeito. Havia ainda, posto que muitas vezes delicado, certo reconhecimento da suprema autoridade imperial. A Lua e as estrelas pareciam ainda brilhar sobre o Ocidente com um pálido reflexo de luz. No curso, porém, dos acontecimentos que rapidamente se sucederam no seguinte meio século, estas mesmas foram extintas. 

O ostrogodo Teodorico, ao destruir os hérulos e o seu reino em Roma e Ravena, governou a Itália desde 493 a 526 como soberano independente, e quando Belizário e Narses conquistaram dos ostrogodos a Itália (conquista precedida por guerras e assolações que tornaram a Itália, e sobretudo a sua cidade das sete colinas, durante certo tempo quase deserta), o senado romano foi dissolvido e o consulado ab-rogado. Além disso, a independência dos príncipes bárbaros das províncias do Ocidente, em relação ao poder imperial romano, tornou-se cada vez mais distintamente averiguada e compreendida. Decorridos mais de século e meio de calamidades quase sem par na história das nações, como o indica corretamente o Dr. Robertson, a frase de Jerônimo, frase moldada sob a própria figura apocalíptica do texto, mas prematuramente pronunciada por altura da primeira tomada de Roma por Alarico, podia considerar-se por fim cumprida: ‘Clarissimum terrarum lumen extinctum est’, (Extinguiu-se o glorioso Sol do mundo.’); ou como o expressou o poeta romano, sempre sob a influência das imagens apocalípticas: ‘Estrela por estrela, viu expirar suas glórias’, até que não sobrou sequer uma só estrela que brilhasse na noite escura e vazia.” [85]

    Foram verdadeiramente terríveis as calamidades sobrevindas ao império pelas primeiras invasões desses bárbaros. Mas tais calamidades foram relativamente pequenas em comparação com as calamidades que se seguiam. Foram apenas as primeiras gotas de chuva que precederam a tempestade que em breve se desencadearia sobre o mundo romano. As três restantes trombetas são ensombradas por uma nuvem de mau presságio, como se indica pelo versículo seguinte.

Versículo 13 — “E olhei e ouvi um anjo voar pelo meio do céu, dizendo com grande voz: Ai! Ai! Ai dos que habitam sobre a terra, por causa das outras vozes das trombetas dos três anjos que hão de ainda tocar!”

    Este anjo não pertence à série dos anjos das sete trombetas, mas é simplesmente um anjo com a missão de anunciar que as três restantes trombetas são de “ais”, devido aos mais terríveis acontecimentos que se produziriam sob seu toque. Assim, a quinta trombeta é o primeiro ai; a sexta trombeta, o segundo ai; e a sétima, a última desta série de trombetas, é o terceiro ai.


Referências bibliográficas:
[63] Os seguintes trechos da obra do Prof. Pedro Apolinário podem ajudar, e muito, ao leitor, a fim de que compreenda como ocorreu a divisão da Bíblia em capítulos e versículos, visto que a princípio essa divisão não existia: “A afirmação de que a Bíblia escrita nas línguas originais, não se apresentava dividida em capítulos e versículos é um ponto pacífico entre os estudiosos das Escrituras. A primeira divisão conhecida para o texto hebraico são as seções chamadas de sedarins. Para que nas sinagogas, em um período de três anos, se lesse todo o Pentateuco, o mesmo foi dividido em 167 sedarins. Nos primeiros séculos, o Novo Testamento estava dividido em três partes: os Evangelhos, as epístolas e os Atos, e a Revelação. No terceiro século os Evangelhos foram divididos em duas espécies de capítulos: os maiores eram chamados ‘tíltloi’ ou resumos; e os menores ‘kefálaia’, ou capítulos. Estas foram primitivamente introduzidas por Amônio, por isso são chamadas divisões ‘amonianas’. [...] A divisão mais antiga em capítulos que se conhece aparece no Códice Vaticano. Neste manuscrito, Mateus tem 170 seções; Marcos, 62; Lucas, 152; João, 50 e Atos, 36. No Códice Alexandrino há outra divisão, aparecendo Mateus com 68 capítulos; Marcos, 48; Lucas, 83 e João, 18. Nestes manuscritos as Epístolas Paulinas e Católicas também se apresentam divididas e subdivididas em capítulos e seções de capítulos; Apocalipse apresenta uma divisão complexa e artificial. A divisão em capítulos, usada nas edições modernas da Bíblia tem sido atribuída a três pessoas diferentes:
(1) A Lanfron, arcebispo de Cantuária, que viveu no século XI;
(2) A Estevan Langton, professor da Universidade de Paris, do século XIII, sua morte se deu em1228;
(3) A Hugo de Saint-Cheir, também do século XIII, pois faleceu em 1263. Segundo alguns estudiosos, este último acrescentou outras subdivisões ao trabalho já feito por Langton.
[...] A divisão da Bíblia em versículos teve uma finalidade prática — facilitar o encontro de determinadas passagens. Este já tinha sido o mesmo objetivo da divisão em capítulos. Em 1240 Hugo de Saint-Cheir subdividiu os capítulos em sete partes designadas por letras. A divisão em versículos numerados foi feita por Roberto Estéfano, famoso impressor francês, no Velho Testamento em 1548 (Vulgata) e em o Novo Testamento grego, em 1551. Roberto Estéfano se aproveitou de trabalhos anteriores. Lefevre, 1509, havia numerado em versículos os Salmos, e Panini, em 1528, numerou toda a Bíblia. A divisão de Estéfano é muito falha em algumas passagens, por estar em total desacordo com o sentido do texto. Este mesmo autor publicou em 1555 uma concordância Bíblica, onde as citações seguiam essa numeração. Esta obra muito contribuiu para que sua classificação fosse aceita.
[...] A pontuação apresenta uma história bastante longa e controvertida quanto a autores e datas. A Bíblia na sua origem foi escrita sem separação de palavras e sem nenhuma notação sintática*. Ninguém pode contestar que a pontuação é de grande utilidade, pois sem ela teríamos que reler algumas vezes para captar o verdadeiro sentido da frase. Os sinais de pontuação muito contribuíram para esclarecer o exato sentido de um texto. [...] Alguns estudiosos nos comprovam que apenas a partir do nono século é que foram introduzidos o ponto de interrogação e a vírgula no texto bíblico. Outros declaram que a vírgula é de origem recente. Urias Smith em artigo publicado no ‘Atalaia’, janeiro de 1943, p. 14, afirmou: ‘Apareceu [a vírgula] no tempo de Manutius, sábio impressor de Veneza, que a inventou no ano 1490’. Antes da invenção da Imprensa os sinais de pontuação eram usados indiscriminadamente, mas após a invenção de Gutenberg, estes foram sendo sistematizados, até atingirem plena uniformidade entre os escritores. Observe o controvertido versículo de Lucas 23:43, que na Tradução de Almeida, revisada no Brasil, aparece assim: ‘Jesus lhe respondeu: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso’. Sabemos que Jesus não foi ao paraíso no dia da crucifixão, pois Ele mesmo declarou a Maria Madalena, após a ressurreição: ‘Não me detenhas, porque ainda não subi para Meu Pai.’ (João 20:17). Observe este sentido colocando a vírgula no lugar próprio. ‘E Jesus lhe disse: em verdade te digo hoje, comigo estarás no paraíso.’” — APOLINÁRIO, Pedro. História do texto bíblico. São Paulo: Seminário Adventista Latino-Americano de Teologia. 1990. 4ª ed. pp. 156-160.
* Sintática: Este termo se refere à parte da gramática que estuda as palavras enquanto elementos de uma frase, as suas relações de concordância, de subordinação e de ordem. A notação sintática provê um conjunto de sinais que auxiliam na compreensão e harmonia de um texto.
[64] Nota do revisor: “Quase meia hora” → sete dias: Para chegar-se a este valor, é necessário fazer a conversão dia-ano (ver Números 14:34; Ezequiel 4:6), ou seja, em profecia, um dia equivale a um ano literal. Atenção:
1 dia ou 24h = 360 dias
12h = 180 dias
6h = 90 dias
1h = 15 dias (15 x 6 = 90)
½h = 7,5 dias
Quase meia hora = 7 dias.
[65] Alexander Keith se refere a Edward Gibbon (1737-1794), um dos grandes expoentes do Iluminismo. Sua obra chama-se Declínio e queda do Império Romano, e cobre o período compreendido entre o segundo e o quinto séculos da era cristã — desde o início efetivo do desmantelamento do império romano até a queda de Constantinopla, em 1453 d.C. No Brasil, essa obra foi lançada pela Companhia das Letras, Círculo do Livro, 1989.
[66] KEITH, Alexander. Signs of the Times, vol. 1, p. 241.
[67] Ibidem.
[68] Invasão gótica: Os nomes gutar e godos são etimologicamente ditos sinônimos etnônimos. Próximo, mas não da mesma origem, é também o nome tribal escandinavo gauta. Os godos e os gutar são derivados de *Gutaniz enquanto gauta é derivado do protogermânico *Gautoz (plural *Gautaz). *Gautoz e *Gutaniz são duas apofonias de uma palavra proto-germânica (*geutan) que significa “derramar, verter, espalhar” (sueco moderno gjuta, alemão moderno giessen, gótico giutan) e que designa as tribos como “espalhadores de sementes”, ou seja, “homens, povo”.
A primeira referência histórica aos Godos é feita pelo historiador romano Tácito em 98 d.C., que os coloca na região do Vístula (atual Polônia). No século II, os Godos migram sucessivamente e em pequenos grupos para as margens do Mar Negro, para aquilo que hoje é a Romênia, a Moldávia e a Ucrânia. Aí eles se dividiram em dois grupos: os Tervíngios, povo gótico do qual possivelmente se originaram os visigodos, residentes nas margens do rio Danúbio, e os Grutungos, povo gótico do qual possivelmente se originaram os ostrogodos, nas margens do rio Dnestr. Alguns povos como os vândalos e os gépidas tinham parentesco com os godos. Para saber mais:
1) ANDERSSON, Thorsten. (1996) “Göter, goter, gutar” in Journal Namn och Bygd, Uppsala.
2) JANSON, Tore. Germanerna: Myten – Historien - Språken (em sueco). Estocolmo: Norstedts, 2013.
3) HEATHER, Peter & Matthews, John, 1991, Goths in the Fourth Century (Os Godos no Século IV), Liverpool, Liverpool University Press, pp. 54-56.
4) WOLFRAM, Herwig: History of the Goths (História dos Godos). Nova e completamente revisada a partir da segunda edição alemã. Traduzida para o inglês por Thomas J. Dunlap. Los Angeles: University of California Press, 1988. LC number D137.W6213 1987 940.1.
[69] Quinta: 1) Propriedade rural, com moradia. 2) Terreno próprio para agricultura.
[70] Ibidem, pp. 251-253.
[71] Ibidem, p. 255.
[72] GIBBON, Edward. The Decline and Fall of the Roman Empire, vol. 3, cap. 36, p. 459.
[73] “Genserico, embora de idade muito avançada, comandava em pessoa as expedições mais importantes. Ele cobria os seus desígnios com um véu impenetrável até o momento de abrir a vela. Quando o piloto lhe perguntava que direção devia tomar, Genserico respondia em tom de piedosa confiança: “Siga a direção dos ventos. Eles nos conduzirão sobre a costa, cujos habitantes criminosos tenham ofendido a justiça divina.” — Gibbon, Edward. The Decline and Fall of the Roman Empire, vol. 3, cap. 36, p. 855.
[74] Ibidem, pp. 481-486.
[75] Cacofônicos: Ruídos provenientes de cacofonia — qualidade daquilo que soa desagradavelmente; som feio ou desagradável; união não harmônica de sons diversos.
[76] Ibidem, pp. 495-498.
[77] Ibidem, cap. 33, p. 370.
[78] Barnes, Albert. Notes on Revelation, p. 239. Comentário de Apocalipse 8:11.
[79] Ibidem, p. 239.
[80] Ibidem, p. 240.
* Absinto: Erva aromática (Artemisia absinthium), da família das compostas, muito ramosa, nativa da Europa e cultivada em todo o mundo, especialmente pelas raízes e folhas, usadas em infusão e de que se extrai óleo volátil tóxico, usado no licor de absinto, com ação sobre o sistema nervoso; absinto-comum, absinto-grande, absinto-maior, alosna, artemísia, erva-santa, losna.
[81] KEITH, Alexander. Signs of the Times, vol. 1, pp. 267-269.
[82] GIBBON, Edward. The Decline and Fall of the Roman Empire, vol. 3, p. 512.
[83] KEITH, Alexander. Signs of the Times, vol. 1, pp. 280-283.
[84] Ilírico: Relativo ou pertencente à Ilíria, antiga região montanhosa da costa setentrional do Adriático; ilírio, ilíride.
[85] ELLIOT, Edward. Horae Apocalypticae, vol. 1, pp. 354-356.


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